Catei a expressão "Patrimônios Inúteis da Humanidade" de um poema de autoria de Manoel de Barros, sobre um catador de pregos enferrujados que não exerciam mais a função de pregar. Dei a ela a função de título para esta série de três fotos reunidas por Edgard. Num mundo extremamente funcional e mecanicista, em que pessoas e objetos ocupam lugares pré-determinados e específicos, sendo descartados com rapidez caso deixem de interessar ao jogo financeiro, qual a substância das coisas abandonadas na natureza? O que resta, quando destituímos das coisas a sua função? Somos capazes de amar as coisas pelo que são, e não pela sua função? Uma rã que pula sobre uma máquina agrícola enferrujada e se mimetiza, está rimando com ela, não procurando seu manual de instruções. Quando a ferrugem vermelha da máquina contrasta com o verde da grama no chão, outro tipo de antagonismo poético desinteressado é criado. Somos capazes de apreciar uma imagem sem buscar compreendê-la, classificá-la ou separá-la da nossa experiência, simplesmente pelo encantamento inútil que ela produz em nós? Meu convite está feito. Abro a obra. Venha, entre, por nenhuma, todas ou qualquer uma das portas.
Marília Palmeira
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
O Olhar ímpar de Neuma Lyra faz de suas imagens referenciais para a reflexão. As cenas capturadas ao entardecer no cemitério do Campo Santo dos perfis de peças de esculturas trazem jogos de luzes e sombras, capturados a partir da sensibilidade da autora, que fazem o observador contemplá-las não mais como indiciais à morte, mas como continuidade da vida.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Sobre os autores Amanda Silva, Alex Baldomá e Alex Oliveira.
Os três autores que se seguem a este texto são jovens aprendizes de fotografia que desfrutam de uma habilidade para perceber 'detalhes urbanos', principalmente no que diz respeito a mobiliários ou ferramentas quase imperceptíveis ao olhar desatento. Amanda Silva, nos revela através das suas imagens capturadas em territóio da América do Norte, mais precisamente nos Estados Unidos da América, o confronto das linhas que traçam e redesenham o 'corpo' urbano, direcionando nosso olhar para os prazeres subjetivos, e objetivos, então camuflados sob os valores protecionistas de uma cultura que é contraditória por si mesma, pelo corpo e para o corpo. Alex Baldomá traça um perfil dos caminhos inacabados e demarcados por registros territoriais e segregacionistas das sociedades contemporâneas. As vias urbanas, que ora estão transitáveis e ora estão intransitáveis, tem em sua maior parte do tempo - por longo tempo -, significados distintos e que acabam nos revelando uma outra margem dos espelhos da sociedade. Dominado pela pureza da luz que banha diferentes fronteiras, Alex Oliveira, dirige seu olhar para o inusitado, para o inesperado para o invisível dentro da rotina do visível. Da cromogenia do girasol para a quase moncromia de "Pessoas invisíveis" o autor nos demonstra total poesia através da construção analógica entre a luz e a matéria. Do corpo amarelo do girasol que repousa sobre a base escura e brilhante da pedra mármore, ao quase indecifrável corpo invisível do passante com destino ao ponto de ônibus, ambos os 'corpos' em movimento em uma urbis que agoniza e nos faz refletir sobre o "intransitável" nas paralelas que criamos.
Vídeo da exposição "Olhares em trânsito" editado pela produtora Goelabaixo
No endereço abaixo você poderá ver, em síntese, uma pequena e bela amostra do que foi nossa vernissage de abertura. A noite do dia 3 de novembro foi bastante concorrida com aberturas de outras mostras expositivas na cidade do Salvador, contudo, a exposição de fotografias constituída por jovens estudantes da UFBA e ex-estudantes recém graduados, intitulada Olhares em trânsito, composta por 31 obras e seus 13 autores, pôde mostrar, ao público visitante, a destreza e habilidade desses jovens artistas visuais quanto à percepção e apreensão do sentir através do olhar. http://www.youtube.com/watch?v=CR2i054wObg
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Olhares em Trânsito
A mostra de fotografias “Olhares em Trânsito” reune imagens produzidas por alunos e ex-alunos da Escola de Belas Artes – UFBA, além de um aluno convidado da Faculdade de Comunicação, cujo objetivo é mostrar o trabalho acadêmico e criativo deses aprendizes da fotografia. A exposição “olhares em trânsito”, procura passar para o público a particularidade do olhar de cada um desses jovens, ainda que estejam em processo de aprendizagem da técnica fotográfica, entretanto, cada um deles em pleno ato de buscar um diferencial entre tantas possibilidades que o contexto urbano nos permite visualizar. São resultados fotográficos desprovidos de efeitos concentradores de softwares, porém, imagens criadas a partir de percepções próprias como a direção da luz, da forma, do efeito claro escuro, da estética e do inusitado diante do olhar, ou simplesmente pelo fato da cena estar pronta e desprovida de conceitos pré-estabelecidos. Segundo AUMONT (1993)[1], a construção da imagem necessita de um certo instante, ou seja, o “instante pregnante”, ou aquele exato momento em que o olhar do fotógrafo sente e a captura, fazendo da cena uma imagem fixa e representativa do real. A curadoria da exposição não impôs um tema porque construir imagens é como se apropriar da própria LUZ e da forma que ela reflete, modelando os instantes presentes diante dos infinitos planos por onde os “olhares em trânsito” se encontram.
[1] Aumont, Jacques. A imagem; Tradução: Estela dos Santos Abreu e Cláudio C. Santoro – Campinas, SP : Papirus, 1993.
A mostra de fotografias “Olhares em Trânsito” reune imagens produzidas por alunos e ex-alunos da Escola de Belas Artes – UFBA, além de um aluno convidado da Faculdade de Comunicação, cujo objetivo é mostrar o trabalho acadêmico e criativo deses aprendizes da fotografia. A exposição “olhares em trânsito”, procura passar para o público a particularidade do olhar de cada um desses jovens, ainda que estejam em processo de aprendizagem da técnica fotográfica, entretanto, cada um deles em pleno ato de buscar um diferencial entre tantas possibilidades que o contexto urbano nos permite visualizar. São resultados fotográficos desprovidos de efeitos concentradores de softwares, porém, imagens criadas a partir de percepções próprias como a direção da luz, da forma, do efeito claro escuro, da estética e do inusitado diante do olhar, ou simplesmente pelo fato da cena estar pronta e desprovida de conceitos pré-estabelecidos. Segundo AUMONT (1993)[1], a construção da imagem necessita de um certo instante, ou seja, o “instante pregnante”, ou aquele exato momento em que o olhar do fotógrafo sente e a captura, fazendo da cena uma imagem fixa e representativa do real. A curadoria da exposição não impôs um tema porque construir imagens é como se apropriar da própria LUZ e da forma que ela reflete, modelando os instantes presentes diante dos infinitos planos por onde os “olhares em trânsito” se encontram.
[1] Aumont, Jacques. A imagem; Tradução: Estela dos Santos Abreu e Cláudio C. Santoro – Campinas, SP : Papirus, 1993.
Este blog tem como objetivo mostrar a produção fotográfica de alunos e ex-alunos da disciplina Fotografia I-A e Fotografia II-A da Escola de Belas Artes da UFBA e estará aberto, também, a todos aqueles que gozam de um bom olhar, de uma boa intenção para com o ato da criação, deseja expressar-se através da poesia visual, literária ou de qualquer outro modelo cognitivo, objetivo ou subjetivo, e, além de achar que fazer arte ainda é um meio de falar de PAZ E AMOR. Se você se sente uma dessas pessoas é só bater à porta e entrar.
Seja bem vindo e beijos para todos.
Seja bem vindo e beijos para todos.
Assinar:
Postagens (Atom)